quinta-feira, 13 de junho de 2013

O problema do Movimento Anti-Corrupção
Nada pode ser mais vazio do que ser “contra a corrupção”.

O que quer dizer isso, afinal? Existe alguém pró-corrupção? Que ações práticas isso implica – além da pura retórica vazia? O que um pretenso político anti-corrupção vai fazer que já não seria sua mais reles obrigação? Por que não fazermos também uma campanha para que nossos políticos não atropelem criancinhas na faixa de pedestres? Faria sentido isso?

Nada pode ser mais vazio e demagógico do que se colocar fortemente em defesa de algo… que ninguém é contra!

Faz sentido uma marcha pela descriminalização da maconha… porque existem de fato pessoas e grupos e movimentos que são a favor da maconha continuar proibida. (E vice-versa.)

Faz sentido um político fazer campanha com uma plataforma de trazer mais religião ao Congresso… porque existem de fato pessoas e grupos e movimentos que acham que o Estado deve ser mais laico (e vice-versa.).

Você pode até discordar desses objetivos, mas são objetivos políticos válidos dentro da arena da vida pública.

Não faz sentido ser “a favor da vida” porque não existe ninguém contra a vida. Não faz sentido fazer a “defesa da família” porque não existe ninguém anti-família. São ambos rótulos vazios.

Nos dois casos acima, entretanto, apenas os rótulos são vazios, mas a luta política é real e válida. Ambos os lados sabem bem pelo que estão lutando e não se deixam enganar pela própria retórica.

Quem se diz “a favor da vida” não está defendendo o conceito abstrato de “vida” contra os malvados membros do lobby pró-morte, mas sim lutando para restringir o direito ao aborto contra opositores que acham que o direito ao aborto deve ser mais amplo. Ninguém está lutando nem contra a vida nem a favor dela.

Quem se diz “pró-família” não está defendendo o conceito abstrato de família contra os malvados membros do lobby “pela destruição da família”, mas sim lutando para restringir os direitos civis dos homossexuais contra opositores que acham que esses direitos devem ser mais amplos. Ninguém está lutando nem contra a família nem a favor dela.

(O fato de ambos os grupos acima usarem nomes de fantasia, marqueteiros e vazios, que soam bonito mas que não têm necessariamente nada a ver com seus verdadeiros objetivos políticos só demonstra que sabem que esses objetivos – restringir direitos de gays e mulheres – estão cada vez mais impalatáveis).


Leia na íntegra: http://goo.gl/vIRgV

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