domingo, 15 de dezembro de 2013

Dilma e Lula são vaiados durante prêmio de Direitos Humanos

BRASÍLIA - Para uma plateia dividida entre aplausos e vaias, a presidente Dilma Rousseff lembrou nesta quinta-feira que foi torturada e que só quem já passou por isso sabe o desrespeito à humanidade que esse tipo de violência significa. Em seu discurso durante a entrega do Prêmio Direitos Humanos 2013, Dilma comemorou a regulamentação da lei que cria o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Em palestra após a entrega dos prêmios, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da silva também foi vaiado, principalmente por representantes de entidades de defesa dos índios e por indígenas.

- Eu, que experimentei a tortura, sei o que ela representa de desrespeito à mais elementar condição de humanidade de uma pessoa. Estamos determinados a mudar esse quadro - disse a presidente no palco do Fórum Mundial de Direitos Humanos.

Enquanto alguns aplaudiam e até gritavam o nome de Dilma, um grupo de manifestantes veementes vaiavam a presidente durante sua fala. Alheia à crítica de alguns da plateia, ela fez um balanço das principais ações de seu governo na área de direitos humanos. Dilma citou o programa Brasil sem Miséria, no qual o plano de distribuição de renda Bolsa Família está incluído; o Viver sem Limites, que prevê ações para melhorar a vida dos deficientes, e o Mais Médicos, que tem trazido médicos estrangeiros para ampliar a cobertura do serviço de saúde para locais mais distantes e carentes do Brasil.

Segundo a presidente, a defesa dos direitos humanos é uma diretriz que seu governo tem perseguido “com entusiasmo”.

Dilma também mencionou a morte do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, pontuando que ele foi um exemplo da capacidade de um líder construir uma sociedade livre, um país livre de preconceito e opressão.
O prêmio Direito Humanos 2013 foi entregue a 25 personalidades que se destacaram na luta pela causa. Os prêmios foram entregues por Dilma e pelos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça); Maria Do Rosário (Secretaria de Direitos Humanos); Eleonora Menicucci (Secretaria Especial de Politicas para as Mulheres); Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores); Luiza Bairros (Secretaria de Igualdade Racial); e José Elito (Gabinete de Segurança Institucional).

O ex-presidente Lula também teve de enfrentar as vaias que se misturavam aos aplausos no Fórum. Lula fez uma defesa veemente do governo Dilma e de seu próprio governo, afirmando que é preciso reconhecer que muita coisa foi feita, embora ainda haja muito por fazer. Logo de inicio, o ex-presidente declarou que não tinha medo de protestos.

- Se tem uma coisa que não me assusta é protesto. Eu nasci assim. Mas nós, governantes, precisamos ter consciência de que a democracia exige muito de nós.

Lula fez uma defesa da democracia e disse que graças a esse sistema de governo um metalúrgico foi eleitos presidente do Brasil, um índio chegou a presidente da Bolívia, um negro preside os Estados Unidos e uma ex-guerrilheira torturada é presidente do Brasil.

Enquanto discursava, alguns manifestantes de grupos indígenas gritavam sem parar “ladrão”, “traidor”, e “a culpa é sua”. De acordo com Paulo Apurinã, o governo do PT não está dando atenção aos problemas indígenas. Segundo Apurinã, havia um acordo para que Dilma reconhecesse, hoje, o genocídio dos índios, que ela não cumpriu, o que azedou o clima.

- O governo do PT mata mais índio que o governo das ditaduras militares. A Polícia Federal virou uma polícia política.

Juliana Graciolli, advogada que disse representar grupos indígenas e de quilombolas, disse que os povos indígenas estão morrendo por falta de demarcação das terras:

- Lula traiu os índios porque colocou a Dilma e ela não faz nada. Dilma só promete e não cumpre e apoia a bancada ruralista – disse Juliana.
Lula, porém, saiu em defesa de Dilma.

- Faltam fazer muitas coisas, mas eu sei que a Dilma vai fazer. Se ela não fizer tudo, vamos fazer mais para frente – disse.

Procurando demonstrar empatia com as causas das reivindicações, Lula apelou para o tempo em que passou necessidades.

- Querem me perguntar como é alguém sem comer? Perguntem pra mim. Querem falar como é beber água não potável? Falem comigo. É por isso que resolvemos priorizar os pobres no país. Nós vamos fazer muito mais. Quem quiser torcer contra, que torça. Eu conheço a Dilma há dez anos. A mulher que passou pelo o que ela passou, e faz o que ela faz, com o bom senso que ela tem, podem ficar certos que esse país tem de ter orgulho da presidente que elegeu - disse.

Fonte: O GLOBO PAÍS

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