domingo, 20 de abril de 2014

Emissões mundiais de gases do efeito estufa da agropecuária dobram em 50 anos.

Pela primeira vez, FAO analisou as emissões globais decorrentes da agricultura, pecuária, silvicultura e pesca. No Brasil, agropecuária é o setor que mais emite gases do efeito estufa.
As emissões de gases do efeito estufa provenientes da agropecuária, silvicultura e pesca praticamente dobraram nos últimos 50 anos. Até 2050, esse volume deve crescer 30% caso a expansão do setor continue no ritmo atual e nada aconteça para frear as emissões. O alerta é da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em um relatório divulgado nesta sexta-feira (11/04).

Esta é a primeira vez que as emissões da agricultura são calculadas em nível global. “Os novos dados da FAO são a fonte de informação mais completa já feita sobre a contribuição da agricultura para o aquecimento global. Até agora, cientistas e autoridades tinham dificuldades para formular decisões estratégicas como resposta para as mudanças climáticas devido à falta de informação. Essa lacuna também impedia os esforços para mitigar as emissões da agricultura”, afirma Francesco Tubiello, da FAO.

O documento aponta que, em 2001, a agropecuária emitiu aproximadamente 4,7 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalentes (CO2e). Em dez anos, as emissões aumentaram 14%, atingindo um volume de 5,3 bilhões de toneladas de CO2e em 2011. O maior crescimento ocorreu nos países em desenvolvimento, que expandiram esse setor.

Em contrapartida, as emissões do uso do solo e desmatamento reduziram cerca de 10% no mesmo período. A média foi de três bilhões de CO2e. A queda do desmatamento foi a principal responsável por essa redução. No Brasil, dono da maior reserva de floresta tropical, o corte de árvores caiu 77,8% entre 2004 e 2011, segundo dados do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).

Uso em geral

O relatório aponta a pecuária como maior vilã do setor: a atividade foi responsável por 39% de todas as emissões em 2011. Os gases, principalmente o metano, são fruto da fermentação entérica, ou seja, do processo digestivo de bois, ovinos e caprinos. A expansão dessa atividade contribuiu para o aumento de 11% da produção de metano pelo gado entre 2001 e 2011. Índia e Brasil são donas dos maiores rebanhos bovinos do mundo.
Em 2011, emissões da pecuária correspondem a 39% do total

Nesse mesmo período, as emissões provenientes da aplicação de fertilizantes sintéticos aumentaram 37%. Em 2011, elas representam 14% da emissão total. A grande maioria dos gases do efeito estufa provenientes da agricultura, ou seja 45%, vieram da Ásia, seguida pela América com 25%, da África com 15%, da Europa com 11% e da Oceania com 4%.

O relatório também mediu as emissões resultantes do uso de energia no setor agrícola como, por exemplo, a eletricidade e combustíveis fósseis queimados nessas atividades. Em 2010, essa taxa foi de 785 milhões de toneladas de CO2e, representando um aumento de 75% em relação a 1990.

Emissões brasileiras

No Brasil, segundo os dados oficiais mais recentes, a agropecuária é a líder de emissões no país, responsável por 35% de todas as emissões de CO2e desde 2010. O volume total emitido pelo setor naquele ano foi de 437,2 milhões de toneladas. Em relação a 2005, houve um crescimento de 5,2%.

Essa elevação ocorreu devido à expansão do rebanho bovino e ao aumento do uso de fertilizantes nitrogenados. Para reduzir as emissões neste setor, o governo brasileiro lançou em 2010 o programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC). O país pretende reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões de gases do efeito estufa até 2020 com base nos números de 1990.

Uma das principais metas do plano é a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas. Se cumpridos, os objetivos podem contribuir para uma redução de 133,9 milhões de toneladas até 162,9 milhões de CO2e.

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